sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

O Reino de Deus [Parte I]

"Ninguém tem maior amor do que aquele que da sua vida pelos seus amigos. Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno. Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido." João 15:13-15

É comum vermos títulos eclesiasticos sendo distribuídos como fardas militares nas igrejas.
Como se um Apóstolo hj fosse um General; um Bispo fosse um Coronel; Pastor fosse Capitão, etc.

E me questiono até onde isso aí vai. Porque a palavra de qualquer "autoridade eclesiastica" virou lei dentro das igrejas: "Aqui trabalhamos segundo a visão do nosso pastor!". Estamos submissos a vontade dos homens do poder. Homens que como nós, um dia foram aceitos pela misericórdia de Deus, foram alcançados pela Graça que é favor imerecido, e então eu me questiono em que parte de nossa trajetória cristã, esse favor imerecido se torna merecido, pois o que outrora fora dado por Deus, pela e para glória de Deus, pode mudar de figura e se tornar merecido pelo homem, pela glória do homem?!

Sinceramente, eclesiasticamente, exegeticamente, a única resposta que posso aceitar nessa pergunta é NÃO!
Jamais algum de nós será digno de qualquer honra, pois aquele que mereceu toda honra, foi o que mais honrou.
Gosto muito de uma frase de Charles H. Spurgeon, onde ele diz o seguinte:
“Será que um homem que ama o seu SENHOR estaria disposto a ver JESUS vestindo uma coroa de espinhos, enquanto ele mesmo almeja uma coroa de louros? Haveria JESUS de ascender ao trono por meio da cruz, enquanto nós esperamos ser conduzidos para lá nos ombros das multidões, em meio a aplausos? Não seja tão fútil em sua imaginação. Avalie o preço; e, se você não estiver disposto a carregar a cruz de CRISTO, volte à sua fazenda ou ao seu negócio e tire deles o máximo que puder, mas permita-me sussurrar em seus ouvidos: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”
Entendo e sei que desde a igreja primitiva já haviam as divisões eclesiasticas. Cada qual fora designado para determinada função segundo a necessidade da Igreja. Mas ninguém exercia poder de mandar e desmandar em nada ou ninguém, havia-se um respeito mútuo. No geral todos entendiam que a última palavra já havia sido dada por Cristo que é o cabeça desse Corpo, que somos nós a Igreja, e que hj sabemos qual foi sua palavra rhema segundo o que encontramos no NT.
No texto acima vemos Cristo se dirigindo aos discípulos em uma conversa onde ele fala sobre o amor ao próximo. Sabemos que os discípulos tratavam a Cristo como mestre e sentiam orgulho em o servir. Então Cristo se dirige a eles nessa conversa e diz: “Já não os chamo mais servos, pois um servo não sabe o que o seu Senhor faz, os chamo AMIGOS!!!”
Cristo estreitou o laço que tinha com eles, e aboliu o termo servidão do meio deles, logo, não havendo mais servos, tbm não haveria mais um senhor, ou “líder”, no sentido de alguém que da as ordens.
Cristo mostrou que o amor dentro de uma amizade é superior a obediência de um servo ao seu senhor. E o serviço inutiliza o amor:
"Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer." Lucas 17:10
O que não anula o cumprimento de uma lei de princípios humano e divino, que Cristo estabeleceu na passagem de João 15, onde ele diz que se obedecermos aos mandamentos que eles nos deixou, permaneceriamos em seu amor (Jo 15:9; Mt 22:37-40).
A Igreja não pode se tornar um Estado. Ela não foi feita pra levantar líderes. Ela é uma escola de servos.
Deus não estabeleceu um Governo na terra onde ele precise de governadores. Deus estabeleceu um Reino. E todos nós somos parte desse Reino.
“Ele nos amou e nos libertou dos nosso pecados por meio do seu sangue, e nos constituiu reino e sacerdotes para servir a seu Deus e Pai.” Ap 1:5-6
“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo escolhido de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” IPe 2:9
“Seu Reino não seria de servos, mas de amigos, e seus amigos deveriam reinar não como poderosos, mas servos. Jesus esteve ocupado em manter-se submisso ao Pai, guardando a exata relação de dependência e rendição. As expressções do poder seriam consequeências naturais. Curar pessoas, expulsar demônios, andar sobre as águas, alimentar multidões, ressuscitar mortos e falar com autoridade eram apenas os bons frutos da árvore boa, que mesmo sendo em forma de Deus, não teve por usurpação aferrar-se aos seus direitos e prerrogativas divinas. Esvaziou-se, assumiu a forma humana e vestiu os trajes do servi, pois sabia que, no mundo dos homens, o poder seduz e degrada quem o possui, mas o amor constrange corações na direção de Deus Pai.” Ed René Kivitz, A Outra Espiritualidade
Esse é o Reino de Deus. Onde Deus é o Rei, Cristo o Sumo Sacerdote e todos nós somos sacerdotes deste Reino, todos somos iguais.

Continua...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Viagem no tempo


Dedico à memória de Lutero, Calvino e Pedro.

O livro não tem a intenção (nem de perto) de ser um tratado teológico e/ou (muito menos) científico.

“We all want progress, but if you're on the wrong road, progress means doing an about-turn and walking back to the right road; in that case, the man who turns back soonest is the most progressive.” - C.S. Lewis

"Para quem está na estrada errada, progredir é dar meia-volta e retornar à direção correta; nesse caso, a pessoa que der meia-volta mais cedo será a mais avançada" - C.S. Lewis - Cristianismo Puro e Simples

Autor: Jonatas Bragança

Créditos by: Mima =D

Capítulo 1.

"Complexo sim. Impossível? Teoricamente não" - explicava McFly Zemeckis. "Viajar ao futuro é, a princípio, mais simples. Se uma matéria viajar a 98% da velocidade da luz, por exemplo: cada ano percorrido por ela corresponderia a cinco anos passados no tempo da Terra. O que possibilitaria a um astronauta fazer uma viagem (só de ida) para um mundo 20 anos mais velho, envelhecendo apenas 4 anos."

O professor jubilado de Física em Harvard gesticulava e apontava. Quando tratavam sobre o assunto distorções no espaço-tempo ou viagens no tempo, o professor franzino e calmo se transformava num orador empolgado.

"Viajar ao passado é uma idéia mais complexa. Envolve todo o paradigma dos possíveis impactos de uma alteração do passado. Nos remete a Einstein e Gödel. Relatividade, curvas fechadas de caráter temporal... O fato é que qualquer pesquisa nessa área envolveria energia muito maior do que dispomos em todo o nosso planeta."

"O Superman conseguiu" - murmurou um aluno. Alguns alunos riram e o sinal tocou.

Professor Zemeckis chamou dois alunos para uma conversa pós-aula quando eles se dirigiam a saída lateral.

Da Silva e Rodriguez eram os dois únicos alunos latinos que cursavam aquela disciplina. Ambos estavam ali através de um programa de bolsa para jovens pesquisadores, oferecidos por Harvard a estudantes do mundo todo.

Rapidamente o mestre explicou aos alunos que para manutenção da bolsa de estudos os alunos deveriam apresentar resultados não apenas nas provas, mas em desenvolvimento de pesquisas e, principalmente patentes:

"O governo americano e os contribuintes dessa instituição exigiram uma participação convincente na Expo2007. Os EUA detém o maior número de patentes, mas precisamos de algo inovador. O mundo não precisa de um desencaroçador de abacates. Eu proponho a vocês meus jovens, a fabricação de uma máquina do tempo."

"Professor Zemeckis, o sr. acabou de nos explicar que não é plausível qualquer pesquisa nessa área. Além disso, eu sou brasileiro e o Rodríguez é chileno. Como nossas descobertas vão favorecer os Estados Unidos na Expo?"

Reinaldo da Silva, ou Rey, como era chamado pelos colegas, nasceu em Belo Horizonte, cidade do sudeste brasileiro. Brilhante nos estudos, gostava de futebol e era cristão. Adaptou-se facilmente a cultura americana.

Zemeckis sorriu sem jeito e explicou que qualquer descoberta seria apresentada como do "Centro de Pesquisas Harvard" e não de qualquer indivíduo. Mas assegurou que seus nomes seriam reconhecidos. "Sobre a questão técnica, gostaria que os senhores dessem uma olhada nos meus estudos. 128, Sezam Street, às 5 p.m. Estejam lá."

Os dois estudantes e o professor se reuniram no horário programado. Entraram na garagem residencial do Professor e se depararam com um maquinário de 2,5 metros de altura, 4 metros de comprimento, superfície metálica e interligado por um emaranhado de fios, cabos e tubos. "Essa é minha máquina do tempo", entusiasmou-se o velho britânico.

"Percebo", respondeu Rodriguez sem emoção. "E qual o nosso papel na pesquisa?".

"Vocês terão o privilégio de realizar a primeira viagem ao passado da história".

"Cobaias." - resmungou o chileno.

"Escolham o ano e o local, por favor. Não temos um minuto a perder. E levem isso com vocês!" falou entregando um tubo acobreado.

"Wittemberg, Alemanha, 1510. E se der, uma passadinha por Genebra, Suíça, 1540" respondeu Da Silva.

Capítulo 2.

Rodriguez e Da Silva acordaram num bosque frio. Caminharam numa trilha por 40 minutos até encontrar um vilarejo.

"O Professor vacilou. Isso aqui não é Alemanha. Tá todo mundo falando espanhol" - observou Rodriguez.

Juan Rodriguez tinha 27 anos. Cursava sua segunda faculdade e tinha uma posição pragmática a respeito de quase tudo. Recebeu uma dúzias de prêmios de instituições chilenas, por seu desempenho, antes de ser convidado para Harvard. Era ateu.

"Eu estou ouvindo tudo em português", respondeu Da Silva, apontando para o tubo. "Tradutor instantâneo. Feito nos Estados Unidos, 2089. O Professor viajou previamente ao futuro, pelo jeito. Vamu lá pegar o Lutero.

"Como??"

"Vamos conversar com o Martinho Lutero. Foi pra isso que eu escolhi esse local e época. Queria conversar com ele."

"Ok."

Eram encarados pelos aldeões enquanto andavam. Rodriguez fazia comentários sarcásticos de como o professor lembrou do tradutor mas esqueceu de providenciar roupas de época.

"Olá, gostaria de conversar com o professor Lutero", solicitou Da Silva em frente Universidade de Wittemberg.

Lutero era um jovem caristmático. Olhou com certa desconfiança para os dois rapazes esquisitos.

Da Silva estendeu a mão para cumprimentá-lo. Naquela hora foram teletransportados para a Suiça, 1940.

"Parece que o Professor achou uma boa hora para seguir em frente no seu roteiro", falou Rodriguez.

"Por mil cangurus mancos! Aonde estamos?" gritou um atônito Martinho Lutero.

"Os livros não mencionam que você usava expressões engraçadas. E nem que um alemão do século XVI sabe o que é canguru."

"Que livros? Ora batatinhas inglesas. Vocês são as criaturas mais estranhas que Deus já me enviou."

Rodriguez se divertia com as expressões de Lutero.

Da Silva guiou o grupo e apresentou Lutero a Calvino e a Rodriguez na hora que o professor resolveu trazê-los de volta.

"Observação número um: O professor é muito apressado. Observação número dois: Acho que não deveríamos ter trazido dois teólogos para o século XXI. Observação número três: Não estamos nos Estados Unidos."

"Tamo em Sao Paulo, Brasil", disse Da Silva ao colega observador. Vê aquela fumaça? É um ônibus queimando.

"Pow Mano.. Manêra essa cidade aí." falou Lutero.

"Acho que esse tradutor do futuro tá exagerando um pouco".

"Vamos na casa do meu amigo Vanderlei. Ele mora lá na Deep Bar".

"Blza" respondeu o Calvino. "Eu entendi certo? Estamos no século XXI??"

"Sim, e aquilo ali é um carro. São carros que funcionam sem cavalos."

"Obrigado sr Rodriguez. Calvino tirou um bloquinho e uma pena do bolso e começou a fazer anotações."

"Pega uma caneta ó..." Da Silva entregou uma caneta a Calvino, que sorriu olhando para a caneta.

Chegaram na Barra Funda.

Lutero que parecia não se impressionar com os carros, metrôs, televisores, computadores, emocionou-se profundamente ao avistar uma Bíblia em português, na casa do Vanderlei. Sem cerimônias, abraçou o livro e chorou.

Vanderlei tinha visitas. "Um professor centenário e um homem das cavernas", conforme descrevera.

O Professor Zemeckis logo apresentou seu amigo: "Apóstolo Pedro".

"Podem me chamar de Pedrinho", sorriu o robusto pescador.

"Eu reparei no seu interesse por personagens cristãos e pedi pra outro aluno bolsista buscar o primeiro papa, Pedro!" disse o Professor alegre a Da Silva.

"Professor... eu sou cristão evangélico. Não notou que eu fui buscar o Lutero? Por que nos trouxe ao Brasil? Por que não deu roupas atuais pro Pedrinho?"

"Minha área é Física. Geografia e Moda são para os mais fracos hehehe."

"Pessoal, o papo tá bom, mas tá na hora de ir pra igreja" - cobrou Vanderlei. "Eu vou visitar uma com a Sandra.. Voces querem ir?"

"Como assim, 'Ir a Igreja?' Não se VAI à Igreja. Se É Igreja." observou Pedrinho.

"Ah tah... É que hoje a gente fala assim sabe? Igreja pode ser o nome do galpão ou da denominação..."

"Denominação?" perguntaram os três homens do passado, em uníssono.

"É complicado de explicar... São pessoas que pensam diferentes mais são cristãs. Que nem vocês, Lutero e Calvino."

"O careca ali discordou de mim foi?" falou Lutero brincando com Calvino.

"Tá tarde. Bora pra igreja pessoal. Quer dizer... Vamos ser Igreja... er... vamos nos reunir como igreja lá num galpão de uma denominação ali."

"Relaxa" falou Lutero.

Capítulo 3.

Sentiram-se a vontade no começo do culto.

Pedro dançava empolgado durante o louvor. Lutero adorava emocionado. Calvino tomava notas em seu bloquinho."

"Olá meus irmãos, eu sou o Ministro de Louvor. Tô vendo daqui que tem muitos irmãos parados. Voces tao aqui pra adorar ao Senhor. Crente que é crente adora ao Senhor com espontaneidade. Quando o ministro fala "levanta a mão" levanta.... O irmão aí, tá com os braços cansados?" Perguntou o ministro olhando pra Calvino.

"Digamos que meu conceito de 'espontaneidade' seja diferente do seu" - respondeu em voz alta.

"Quê isso irmão? Que crente é esse que quando fala o nome de Jesus num sai pulando de felicidade? Crente que ama Jesus TEM que levantar as mãos. Dá um glória a Deus aih.... Dah um brado de vitória!" Respondeu o ministro seguido de uma cacofonia de gritos 'de júbilo'.

Após o louvor, um jovem pastor se levantou para fazer a cobrança dos dízimos e das ofertas. Solicitou que acompanhassem no livro de Malaquias, capítulo 3, versículo 10.

"Irmão... meu irmão...", começou o pregador.. "Eu vejo tanta gente pedindo as bênçãos do Senhor, mas quando vai vê, num é dizimista. ACHA que Deus vai abençoar?

Continua assim pra ver.. que quando Jesus voltar nóis sobe e tu fica. Dízimo é MANDAMENTO. Começa a dar o dízimo pra ver se nao vai cair as bençãos do céu pra você!!!"

O ministro passou 25 minutos explicando a necessidade do dízimo. Pedro observava chocado. Lutero estava vermelho e uma veia saltava de sua testa. Calvino tomava notas.

"Da Silva... Você não falou que o Templo foi destruído? Por que eles tão cobrando dízimos aqui? Tão pensando em reconstruir o Templo?" estranhou Pedro.

"Da Silva.. Você não me disse que a "Reforma Protestante", como voces chamam, funcionou? Por que continuam com cobrança de indulgências?!" reclamou Lutero.

"Da Silva... A caneta tá falhando." pediu Calvino.

Da Silva pediu para que aguardassem a pregação principal, a seguir (e entregou uma caneta nova pro Calvino).

O pastor seguinte levantou abriu sua Bíblia.

"Gostaria de dar seqüência a série de mensagens que comecei há dois domingos. Os irmãos que desejarem poderão adquirir os vídeos das mensagens na Livraria da Igreja por um preço simbólico. O tema do sermão de hoje é "Se Crerdes Verás a Glória de Deus, Parte III. Abram a Bíblia em João 11:40".

"O João escreveu um livro, hehehe" falou Pedro baixinho...

O Pastor leu o texto. Depois se dirigiu a congregação. "O texto está dizendo que se vocês crerem, verão a glória de Deus."

"Me parece óbvio", observou o cético Rodriguez.

"E sabe o que quer dizer isso???? SE CRERDES VERÁS A GLÓRIA DE DEUS!!!!!!! ALELUIAS" - repetiu levantando a voz...

"Sabe que eu tava orando aqui e percebi que SE CRERDES VERÁS A GLÓRIA DE DEUS. OH GLÓRIAS!" O Pastor começou a gritar e a pular. "Levanta e aplaude ao SENHOR agora porque se crerdes veras a glória de Deus ooooooooooooh.... se crerdes, aleluias... " completou ofegante "verás a glória de Deus, APLAUDAM!"

Passaram-se 5 minutos de aplausos. Alguns preferiram aplaudir de pé. Outros aplaudiram sentados. Quando pararam o Pastor recomeçou e falou firmemente: "Se crerdes verás a glória de Deus!", ao que completou pau-sa-da-men-te: "Se crerdes, verás, a glória do Deus vivo!".

Depois de 40 minutos de repetições, entre aplausos e brados de vitórias, o Pastor fez uma confissão:

"Irmãos, devo confessar uma coisa pra vocês. Eu tinha me esquecido de preparar a mensagem hoje. Mas tava orando ali no meu canto e 'recebi' essa fresquinha. É quentinha vinda do forno dos céus agora... RECEBAM, oh aleluias. Se crerdes verás a glória de Deus!!! APLAUDAM".

Ao final do culto, depois da bênção apostólica, tocaram um 'louvor animado' e bradaram o grito de guerra da igreja. Vanderlei chamou o Pastor, que era um conhecido da família.

"Pastor, esse é Martinho, um amigo meu, professor de teologia."

"Cuidado com essas coisas de teologia irmão. É bom mas tem que vigiar. Querer virar teólogo é coisa dos infernos. Deus que dá a sabedoria. Mas diga lá... Se você é teólogo vou logo lhe fazer uma pergunta: O Dízimo tem que ser do rendimento bruto ou do rendimento líquido???"

"Não sei" respondeu Lutero com um olhar meio curioso, meio fulminante.

"Tá vendo só? O que que ensinam nessas escolas de teologia hoje em dia? Bíblia que não é... Vou te responder com uma pergunta: Você quer bençãos líquidas e bençãos brutas???" retrucou o pastor apreciando sua própria sabedoria com uma sonora gargalhada.

"Pedrinho, voce ainda tem aquela espada corta-orelhas?" perguntou Lutero ao apóstolo, deixando o pastor sem entender patavinas.

Enviada: Qua Ago 16, 2006 1:38 am Assunto:

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Capítulo 4.

O grupo heterogêneo decidira viajar para Belo Horizonte, numa Kombi, na manhã seguinte. Durante o percurso Lutero discorria sobre a Reforma.

"Minha intenção nao era formar uma nova 'igreja' e sim retornar aos princípios das Escrituras. Mas eu previa que a ruptura seria inevitável após a publicação das 95 teses. Fui um tanto ingênuo de pensar que o papa renunciaria sua soberania sobre a Terra."

"Mas olhe para o lado bom, Lutero. Agora nós os evangélicos vivemos plenamente as Escrituras. Acreditamos na salvação pela fé e não por obras e não damos valor para tradição em detrimento da Bíblia. Não há mais indulgências. Todos podem estudar a Bíblia. Não há a separação clero-laicato e cremos no Sacerdócio Universal do Crente" - defendeu Reinaldo Da Silva.

Lutero e Calvino se entreolharam duvidosos da declaração de Da Silva. "Você tava no mesmo lugar que eu ontem a noite?"

Da Silva não respondeu e ficou pensativo.

"Desculpem interromper,"- disse o Professor - " mas eu tava aqui analisando... Vocês três estão aqui e não houve nenhuma alteração no nosso presente, ou seja, futuro de vocês. Formulei algumas teorias para isso. A primeira teoria: "A máquina do tempo construída nos traz de volta exatamente ao tempo de origem e não a realidade alternativa gerada pelo impacto da ausência de vocês na história. Ou seja, não estamos no futuro de um mundo após o sumiço de Lutero, Pedro e Calvino, mas no mesmo tempo presente da partida. Eu acho essa a hipótese mais coerente."

"Talvez Deus tenha usado outros instrumentos para cumprir sua obra no nosso lugar" respondeu Calvino.

"Não. Vocês continuam nos livros de história. Eu chequei." declarou Rodriguez.

"Outra hipótese: vocês foram devolvidos ao tempo de vocês através do Máquina do Tempo, no exato tempo que saíram, não trazendo quaisquer modificações ao nosso tempo. É um pouco complicada pois presume que vocês foram devolvidos num futuro que ainda não aconteceu, simploriamente falando." - continuou o Professor.

"Se for verdade essa, Lutero, dedica um dos teus livros pra mim", gracejou Da Silva.

"Pessoal, quando chegar em BH, me levem no mar que eu quero pescar uns peixinhos" implorou Pedro.

"Não tem mar em Minas Gerais, Pedrinho" corrigiu Rodriguéz.

"Como??? Em Israel tinha mar!" choramingou Pedro lembrando-se de Sião.

"Na Alemanha tinha mar" concordou Lutero.

"Na França, onde nasci, tinha mar" acrescentou Calvino

"AINDA tem mar em todos esses lugares. Mas em Minas não tem pow" falou Rodriguez rispidamente

"Esse Deivid aí que vamos visitar.. Ele é americano?" perguntou o Professor. "O nome é americano".

"É não. É brasileiro mesmo." respondeu Da Silva.

"Calvino... Eu tava lendo na casa do Vanderlei uns textos seus. Voce acredita mesmo que foi predestinado a ser careca?" - perguntou Lutero rindo.

"Acho que sim Martinho. Mas posso disfarçar com meu chapéu. Compadeço-me de você que foi predestinado a ser feio."

Todos riram e a Kombi Wolks 1987 entrou nos limites de Belo Horizonte.

Capítulo 5.

"Vandãããããããão" - entusiasmava-se o exagerado Deivid ao abraçar Vanderlei, que viera junto dirigindo a Kombi. Apresentou-se a todos e apresentou sua esposa Jenifer, e seu filho João Ramon.

"Gente... Hoje vamos numa igreja de uma amiga minha em Contagem. Vai uma cantora aqui de BH, a irmã Ana." - convidou Jenifer.

"VÃO a Igreja?" - perguntou Pedro.

Calvino deu uma cutucada sutil e Pedro resolveu deixar pra lá.

Cada um tomou um banho. Pedro gostou muito do pão de queijo servido no jantar, mas vez por outra resmungava da ausência de mar.

A noite foram ao culto em Contagem (que Rodriguez chamava de 'roça') em dois carros.

Era culto de Ceia e Pedro estava animado com isso.

Todos desfrutaram do louvor. As palavras da ministra "Jó foi um homem que sofreu muito..." parecia ter um significado especial para Pedro.

Como era dia de Ceia a mensagem seria dada pelo Apóstolo Estevinho, fundador da denominação. Lutero olhou pra Pedro que deu de ombros.

O Apóstolo fez um relatório do crescimento da denominação. Solicitou maior empenho nos dízimos e ofertas para que a obra crescesse. Contou algumas piadas com fundo gospel. A seguir leu o texto de 1 Corinthios 11: 23-34.

Sua esposa, Bispa Tânia, assumiu a programação após a leitura. Mandou que os diáconos distribuíssem os copinhos de suco de uva. E que cada um aguardasse a ordem pra poder beber. Tocaram um cântico enquanto distribuíam.

"Todos receberam?" - Perguntou a bispa.

Ninguém se acusou e ela começou a falar com um timbre embargado na voz.

"Levante a tacinha de vocês... Olhe bem pra ela. Você sabe o que ela significa??" Perguntou em voz chorosa. Muitos se emocionavam ao ouvi-la.

"Significa que você venceu mais um mês! Mais um mês de santidade! MAIS UM MÊS DE VITÓRIA"

As pessoas iam glorificavam e deliravam. Alguns em estado de êxtase.

"Podemos participar."

Alguns segundos de silêncio se seguiram. Logo após um rompante de brados e choros.

A mesma rotina se seguiu com a distribuição e participação do pão.

Cantaram mais um pouco. Alguns "novos membros" da igreja foram apresentados. Alguns bebês foram apresentados. Avisos foram dados.

O mais incomodado com tudo isso era Pedro. Começou a discursar para nós, e um grupo de pessoas parou para ouví-lo.

"Eu me lembro muito bem. O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, nos ensinou sobre isso. Mas algo não está certo."

"Sabe... Jesus nos ensinou a cerca de uma Nova Aliança. Uma vez ele falou sobre isso com um grupo de fariseus que conviviam conosco." - continuava Pedro.

"Eu percebo que vocês aqui não entendem muito o conceito de Aliança. Já no nosso tempo isso havia se perdido. Nós líamos na Torah que Deus havia feito uma Aliança com nosso pai Abraão."

"Se vocês abrirem no capítulo 15, verão que o próprio Deus andou no meio de animais mortos para consolidar uma aliança. Isso era muito comum naquela época em toda a região da terra de Canaã e vizinhança. Era um termo de Aliança. Quando duas pessoas ou povos faziam uma aliança, cortavam animais e passavam entre eles dizendo:

"Que se suceda comigo como a estes animais se quebrar contigo a minha Aliança". E eu ouvia esse texto e me perguntava: "Por que o Todo-Poderoso se sujeitou a termos de aliança tão... humanos." O Profeta Jeremias menciona os mesmos termos de Aliança. Séculos mais tarde ainda era uma prática comum (Jer. 34:18)."

"Foi quando Jesus apareceu a mim. Eu percebi que o mesmo Deus que firma um pacto com o homem se sujeitando aos seus próprios termos, agora chegara ao absurdo de se fazer homem, e nascer numa manjedoura! Foi quando naquela tarde ele começou a falar sobre sua Nova Aliança com o grupo de fariseus. Ele usou termos fortes como "comer minha carne, beber meu sangue". Muitos ali foram embora murmurando "duro é esta Palavra". Haviam povos pagãos que faziam aliança nestes termos.

Comiam carne e sangue humanos para selar a aliança. Foi quando Ele olhou pra mim... Ele olhou para dentro de mim e perguntou: "Voces tambem querem se retirar?"

"Eu sabia que ele estava me propondo uma Aliança. E como judeu eu tinha consciência que Aliança é um pacto inquebrável. Tudo que é meu se torna dele. Tudo que é dEle se torna meu. Para sempre. "Para quem eu iria, Senhor... Se só tu tens as Palavras de vida Eterna?", eu respondi, e me entreguei completamente a aliança proposta."

"Quando na noite que foi traído ele nos disse "Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim..", todos nós imediatamente compreendemos. E muitas vezes celebramos em memória do nosso Senhor, com os elementos dos termos da Aliança que nos foi proposta. E reafirmamos nosso pacto eterno com nosso Salvador."

"Não é celebrando 'mais um mês de vitória'. Não é pra lembrar que 'eu venci mais um mês em santidade'. Pelo contrário: É para lembrar que eu perdi. Que meus próprios caminhos me levavam à morte. Mas Ele, aliançado conosco, morreu a morte que era nossa, e nos entregou a Sua Vida."

"Por um minuto eu achei que tinha saído alguma coisa errada na Bíblia de vocês. Parecia que estava escrito: "Fazei isso em memória de si mesmo, da sua própria vitória. Examine, pois, o homem ao seu irmão. Verifique se ele fez curso de batismo, se batizou, frequenta os cultos e isso que voces chamam de células, se é dizimista e se ele não dormiu com a namorada. Caso contrário, este não deve participar da ceia, senão vai se dar mal. Após beberdes, chorai ou bradai em alta voz."

"Mas não... Tá tudo como foi falado mesmo."

Lutero acenou com a cabeça e disse que nunca tinha parado pra pensar sobre a Ceia de uma forma tão simples e ao mesmo tempo tão profunda.

Um dos líderes chegou para Pedro e perguntou o motivo da movimentação.

"Olá Pastor", respondeu Pedro. "Eu estranhei algumas coisas que aconteceram aqui esta noite".

"Ah... perfeitamente normal. Você já passou pelo Encontro?"

"Hã?"

"O Encontro com Deus. Você vai num acampamento e fica três dias com o Senhor."

"Eu ando diariamente com o Senhor", respondeu Pedro.

"Tô vendo que tem muita maldição pra quebrar na tua vida. Rebelião é igual pecado de feitiçaria irmão."

O Pastor olhou para Calvino e Lutero e perguntou se eles gostaram do culto.

"Ah... sabe o que é Pastor. Eu tô ficando um pouco decepcionado com as 'igrejas' que eu tenho ido."

O Pastor respondeu compreensivamente. "Eu sei como é meu irmão. Toda a igreja tem problemas. Não tem nenhuma igreja perfeita. Você tem que se adaptar em uma e viver com isso. Sempre ouça o que o Pastor ou líder, homens de Deus, tem a dizer, sem questionar. Aprenda o princípio da Autoridade Espiritual. Você não pode ficar sem cobertura.

"Pastor... se eu pensasse dessa maneira, o sr não estaria aqui hoje." respondeu Lutero.

"Meu jovem... Não entendi o que voce quis dizer, mas vou te dar um conselho: vá ler a Palavra."

No caminho de volta para BH, da Silva conversava com os teólogos do século XVI.

"Eu tava pensando no que voces falaram e é verdade. A coisa não anda muito legal por aqui não. O que eu faço?"

"Siga o conselho daquele Pastor: leia a Palavra." respondeu Lutero.

"Comece a reforma a partir de você", completou Calvino.

"Eu acho que..." - Pedro entrou na conversa - "acho que você precisa viajar "de volta para o passado". Mas sem a máquina do tempo. Quero dizer... Volte aos princípios que orientaram os meus colegas do século XVI. Volte a simplicidade do Ser Igreja e não do Ter Igreja. Em Jerusalém, da comunhão dos que creram era só um o coração. E isso se espalhou até os confins da terra."

Capítulo 6.

Chegaram na casa de Deivid.

"Professor... Eu estive pensando na sua segunda hipótese. Se enviarmos os caras do passado pra mesma hora que eles saíram, o conhecimento que eles tiveram do futuro, por si só geraria uma mudança no comportamento deles, e do futuro em si.", observou Rodriguez.

"Talvez, meu jovem."

"Como assim, 'talvez?'”

"Deus conhece o futuro. Ele não se limita a Tempo e Espaço, como nós. Ele se insere no nosso tempo ao longo da história. E já conhecendo o futuro em sua onisciência, permite que o homem tome suas próprias decisões. É o que alguns teólogos chamam de 'livre-arbítrio'. Não confunda pré-conhecimento com pré-determinação."

"Há controvérsias." retrucou Calvino.

"Professor... não vai me dizer que o senhor também acredita em Deus? Vocês são homens cultos.." - falou Rodriguez olhando para o grupo. "Como é que podem acreditar nesse livro que não passa de um conjunto de lendas?"

"Rodriguez... Leia esse Livro" respondeu Lutero. "Um dia eu procurava respostas, como você, e as encontrei aí."

"O mesmo aconteceu comigo" declarou Calvino.

Rodriguez pegou a Bíblia e foi ler. Os outros foram comer pizza e conversar sobre "Missões". Ele sabia qual era o capítulo mais longo da Bíblia. Ouvira Calvino comentando. E foi pelo Salmo 119 que começou sua leitura.

'Bem-aventurados os que trilham com integridade o seu caminho, os que andam na lei do Senhor! Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, que o buscam de todo o coração, que não praticam iniqüidade, mas andam nos caminhos dele!' (Psa 119:1-3)

Rodriguez aprendera a odiar os absolutos. "Certo e Errado". "Bom e Mau". E o Livro que ele lia agora se apresentava como uma cerca que dividia e definia o Certo e o Errado. Pela primeira vez em muito tempo ele vizualisou essa cerca. Sem cercas ele podia viver tranquilo. Era isso que o Cristianismo trazia mesmo. Culpa e escravidão.

Ele queria um mundo sem cercas. A medida que continuava a ler, percebia o quão perdido do lado ERRADO estava. "Quem é que gosta de um livro acusador desse?"

Resolveu saltar um bloco de páginas. Caiu em Romanos. "Lutero fala bastante de Romanos", pensou.

"Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós." (Rom 5:8)

Aquele versículo o atingiu como um raio. As palavras de Pedro e de seu professor, de um Deus todo-poderoso, criador de todas as galáxias, conhecidas ou não, se insere no nosso espaço-tempo, nasce em uma manjedoura, vive numa terra obscura de um pequenino planeta. Morre após tortura, em uma cruz. As mãos que formaram o mundo foram cravadas numa cruz. E o mais chocante: o versículo diz que Ele ama um pecador. Um perdido do lado errado da cerca! E que a cada martelada dos pregos romanos de 6 polegadas, Ele podia escolher fulminar o exército Romano ou se entregar por aquele perdido.

Rodriguez continuou lendo durante toda aquela noite.

Ao amanhecer, Deivid trouxe leite recém ordenhado de suas vacas leiteiras. "Bom dia meu jovem, exclamou".

Rodriguez tinha seus olhos inchados.

"Oi Deivid, cadê o Professor?"

"Jogando PlayStation com o Calvino".

Rodriguez interrompeu o jogo.

"Oi Juan. Acho que chegou a hora de dizer tchau a nossos amigos do passado. Já estão a um certo tempo aqui. Compartilharam do seu conhecimento conosco. Vou enviá-los de volta." declarou o professor.

"Professor. Eu aprendi que um experimento científico válido pode ser repetido em qualquer outro ambiente de laboratório controlado. Ontem, enquanto lia a Bíblia, senti algumas coisas que eu não conseguia explicar com minha objetividade científica. Eu cheguei então ao Evangelho de Lucas, após a ressureição de Cristo. Dois discípulos caminhavam até Emaús quando Jesus conversou com eles e depois se revelou a eles. "E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras? " E eu pude reconhecer que era isso que acontecia comigo naquele exato momento. Meu coração se abrasava... queimava, ardia. Eu vi que o mesmo Jesus que se revelou aos dois discípulos a 2 mil anos atrás, falava comigo hoje. E no laboratório do meu coração eu experimentei a mesma sensação que aqueles homens. Naquele momento eu falei a Jesus Cristo que faria a Aliança Eterna com Ele. Que tomaria do Seu Sangue e comeria da Sua Carne. Ele se apresentou a mim e eu não precisei voltar ao passado para conhecê-lo. Ele estava aqui"

"E a sua decisão no presente certamente mudou seu futuro" acrescentou Calvino.

"Foi o mesmo comigo, com Da Silva, com Calvino ou com Pedro, caro Rodríguez. O amor de Deus é imutável. E nos alcança ao longo dos séculos, mudando a nossa história e a História."

Lutero, Calvino e Pedro voltaram a seus anos de origem. Despediram-se emocionados, sabendo que tinham um amigo em comum, que estaria com eles todos os dias, até a consumação dos séculos.

sábado, 17 de novembro de 2007

Definições

Talvez eu seja o garoto que:
Sonhou em ser pintor, mas não sabia desenhar
sonhou em ser cantor, mas não sabia cantar
sonhou em ser músico, mas não sabia tocar
sonhou em ser ator, mas não sabia encenar
sonhou em ser filósofo, mas não sabia pensar
sonhou em ser poeta, mas não sabia escrever
sonhou em amar, não sabia que não precisava saber que pra amar não existem condições
descobriu ao te amar que Deus já havia sido pintor ao desenhar você
descobriu que Deus já havia entoado a mais bela canção que é a da sua existência
descobriu que os anjos tocaram essa canção
descobriu que o sol, a lua e as estrelas eram meras coadjuvantes enquanto você era a personagem principal
descobriu que pensar em você já é uma boa filosofia
desobriu que a poesia que mais marca é a escrita da nossa vida.
Quer fazer uma poesia comigo?

Certezas Incertas

Eu assim que quase sempre, nunca sou normal
meio anormal, tão diferente, nada radical, igual a todo mundo
mas nada no mundo é igual.
Nunca perto o bastante, sei que distante não é o ideal pra ficar
sozinho ao redor uma multidão
mas não identifico ninguém, estamos todos só.
Tão certo eu sei que tudo incerto é
eu que sempre me julguei muito saber
sei que nada a gente sabe, nada a gente entende
certamente certo estou que certamente nada eu sou
não existem certezas, não existe a dúvida
existe a rotina
tudo se resume em
começo, meio e recomeço.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Visão


O que é isso que meus olhos vêem?
como um desenho que Deus fez e deixou cair
pela sua graça se tornou real e então você se fez
eu sei porque vejo a perfeição nos seus olhos
vejo a imagem do criador estampada como uma tatuagem
meus olhos enxergam a mais graciosa das criações divinas
como pode ser real?
Como Deus permitiria uma de suas maravilhas se fazer real?
E por quê eu?
Por que meus olhos foram agraciados com essa visão?
Se meus olhos me enganam, eu vejo pelos seus...
seu brilho é diferente, tem um toque especial, algo que me fascinou...
arrebatou minha visão e agora não posso esquecer
meus olhos são testemunhas
minha mente o arquivo no qual guardarei todas as memórias dessa visão
e em meu coração ficará guardado pela eternidade
o fogo que ardentemente queima
por meus olhos terem visto a perfeição.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

O valor de uma amizade sincera




Olá meus amoressss!!! Gente, não sei dizer se o q vou escrever seria uma declaração, desabafo, ou somente a pura expressão dos meus sentimentos.


Só sei q preciso dizer do meu amor por vcs, o qto vcs têm sido importantes na minha vida e a mudança que causaram nela sem nem ao mesmo terem idéia disso.


Antes de conhecer vocês, eu andava mto mal, não conseguia ver graça nas coisas ao meu redor, e, principalmente me sentia mal cmg mesma e MTO sozinha.


Tinha perdido contato com meus amigos e por algumas vezes cheguei até mesmo a pensar que se eu morresse, não ia fazer falta pra ngm, apenas pros meus pais e alguns parentes, de tão só e "inútil" que me sentia nesse mundo.


De repente resolvi entrar no BT e fazer novas amizades.. seria tb uma saída pras minhas tardes solitárias... e graças a Deus pelo momento que tomei essa decisão! Foi lá q eu conheci vcs, pessoas tão especiais que preencheram um enorme vazio dentro do meu coração..


Depois de vcs, minha vida parece que ganhou mais brilho, voltei a me sentir melhor, a me sentir importante pra alguém, aprendi a dar mais valor às amizades e saber cultivá-las, e , pela primeira vez na vida, soube o que é ter comunhão!


Outro dia assisti um programa na Cultura (Invenção do Cotidiano) e um escritor falava sobre o "próximo", e aí, em um certo momento, ele disse que todos dizem que o verdadeiro amigo é aquele que dá a vida pelo outro, mas, na verdade, o verdadeiro amigo é aquele q dá vida AO outro. Concordo plenamente com isso! Mtas pessoas acham q amizades virtuais não tem nada a ver, são apenas superficiais.. mas eu não penso e nem sinto isso.. principalmente entre nós todos, sei q tem um laço maior q nos une!


Agradeço a Deus todos os dias por ter colocado vcs na minha vida e lembro de cada um de vcs nas minhas orações! Vcs são tão diferentes uns dos outros, cada um com uma característica mais marcante.. uns mais doces e meigos, outros mais sérios (porém mto sábios), outros mais engraçados... mas o que á mais bonito, é poder amá-los exatamente pelo q são!


Sei q um dia é mto provável q percamos o contato, pois cada um vai dar um rumo à sua vida e não vamos ter mais o msm tempo q temos hj, mas com ctz vou sempre lembrar com mto amor, carinho e alegria por td isso q estamos vivendo hj! Vcs sempre estarão dentro do meu coração, até o fim.. tvz eu nem chegue a conhecer alguns de vcs, mas o q mais me conforta é a ctz de q um dia estaremos todos juntos, na glória, na presença do nosso Deus e desfrutando da mais perfeita comunhão! Muito obrigada por existirem e estarem na minha vida, pelo amor, carinho, respeito e por todos os momentos agradáveis juntos!!


AMO IMENSAMENTE CADA UM DE VCS!!


UNITED WE STAND!!!


BJÃOOOOO!!!!


Mari

O coração tem suas razões


Queria escrever algo que fizesse vc gostar de mim

queria com palavras dizer algo que fizesse vc olhar pra mim

queria ser poeta e escrever sobre a beleza do seu olhar

ou sobre a simplicidade do seu sorriso que me faz delirar

mas não sou poeta, escritor e nem sei usar as palavras

queria poder dizer como é bom se apaixonar

mas acho que isso é coisa de criança que não tem com quem brincar

mas eu gosto de me sentir como um menino

gosto de sentir vida entrando em mim novamente

gosto de escrever coisas das quais nunca entenderei o sentido,

só o impulso que me fez escrever

quem vai entender?

o coração tem suas razões...

Meninos também choram


Meninos também choram e sentem medo

também sofrem por amor e amam intensamente

Meninos também precisam de abraços

precisam de carinho e atenção

também gostam de receber cartas e doces

Meninos também sentem vergonha

por isso falam indiretamente e agem como se não importassem

Meninos são fracos por natureza,

mas a sua natureza não os permite mostrar fraqueza

Meninos se apaixonam e perdem a direção das coisas

se perdem no tempo e o tempo perdem

e esquecem que já passou da hora de se declarar

Meninos como eu não sabem o que dizer quando amam

porquê meu coração não aprendeu a falar

ele foi programado pra te amar...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007


“A manhã em que eu ouvi a voz de Deus” – pelo pastor John Piper

Deixem-me falar-lhes sobre uma experiência das mais maravilhosas que eu tive na manhã de segunda-feira, 19 de março de 2007, pouco depois das seis da manhã. Deus falou de verdade comigo. Não há nenhuma dúvida de que era Deus. Eu ouvi as palavras em minha cabeça com a mesma clareza com que a memória de uma conversa passa pela consciência. As palavras eram em inglês, mas elas tinham sobre si uma absoluta auto-autenticação da verdade. Eu estou certo, sem a menor sombra de dúvida, de que Deus ainda fala hoje.
Eu não conseguia dormir por alguma razão. Eu estava em Shalom House no norte de Minnesota em um retiro de casais. Eram aproximadamente cinco e trinta da manhã. Fiquei lá deitado decidindo se eu deveria me levantar ou esperar até que pegasse no sono novamente. Por Sua misericórdia, Deus me tirou da cama. Estava ainda muito escuro, mas eu consegui achar minha roupa, vesti-me, peguei minha pasta, e saí suavemente do quarto sem acordar Noel [esposa de John Piper]. Na sala principal lá embaixo, estava tudo absolutamente tranqüilo. Ninguém mais parecia estar acordado. Assim eu me sentei em um sofá num canto para orar.
Enquanto eu orava e meditava, de repente aconteceu. Deus disse, “Venha e veja o que eu fiz.” Não havia a menor dúvida em minha mente de que estas eram mesmo palavras de Deus. Naquele mesmo instante. Naquele mesmo lugar, no século XXI, no ano de 2007, Deus estava falando comigo com autoridade absoluta e realidade auto-evidenciada. Eu parei para tentar entender a dimensão do que estava acontecendo. Havia uma doçura naquilo tudo. O tempo parecia ter pouca importância. Deus estava próximo. Ele estava me vendo. Ele tinha algo a dizer para mim. Quando Deus se aproxima, a pressa deixa de existir. O tempo pára.
Eu queria saber o que ele dizer com “Venha e veja”. Ele me levaria a algum lugar, como fez com Paulo levando-o ao céu para ver aquilo que não pode ser descrito? Será que “ver” significava que eu teria uma visão de alguma grande obra de Deus que ninguém jamais havia visto? Não estou certo de quanto tempo decorreu entre a palavra inicial de Deus, “Venha e veja o que eu fiz”, e as palavras seguintes. Não importa. Eu estava sendo envolvido no amor da comunicação pessoal com Ele. O Deus do universo estava falando comigo.
Então Ele disse, tão claramente quanto qualquer palavra que alguma vez tenha entrado em minha mente: “Fiz coisas tremendas para com os filhos dos homens!”. Meu coração acelerou, “Sim Senhor! Tu és tremendo em todas as tuas obras. Sim, par com todos os homens quer eles percebam isto ou não. Sim! E agora? O que mais me mostrarás?”
As palavras vieram novamente. Tão claramente quanto antes, mas cada vez mais específicas: “Converti o mar em terra seca; atravessaram o rio a pé; ali, eles se alegraram em Mim”. De repente percebi que Deus estava me levando de volta milhares de anos no tempo, até a época em que ele secou o Mar Vermelho e o Rio Jordão. Eu estava sendo transportado na história, pela palavra Dele, até essas grandes obras. Era isso que Ele queria dizer quando disse “Venha e veja”. Ele estava me conduzindo ao passado pelas Suas palavras até essas duas gloriosas obras que Ele fez diante de crianças e homens. Estas eram as “coisas tremendas” a que Ele havia se referido. O próprio Deus estava narrando as poderosas obras de Deus. Ele estava fazendo isso para mim. Ele fazia isto com palavras que estavam ressoando em minha própria mente.
Então me cobriu uma maravilhosa reverência. Uma palpável paz desceu sobre mim. Era um momento santo e um lugar santo do mundo ali no norte de Minnesota. O Deus Todo-Poderoso tinha descido e estava me dando a quietude, a abertura e a disposição de ouvir a Sua voz. Enquanto eu me maravilhava do Seu poder para secar o mar e o rio, ele falou novamente: “Os meus olhos vigiam as nações, não se exaltem os rebeldes.”
Isso era empolgante. Era muito sério. Era quase uma repreensão. No mínimo uma advertência. Ele poderia da mesma forma ter me arrastado pelo colarinho, me erguido do chão com uma mão, e ter dito, com uma mistura incomparável de ferocidade e amor, “Nunca, nunca, nunca te exaltes a ti mesmo. Nunca te rebeles contra mim.”
Eu sentei, olhando para o vazio. Minha mente estava cheia da glória universal de Deus. “Meus olhos vigiam as nações”. Ele tinha dito isto para mim. Não era só que Ele tinha dito. Sim, isso já seria glorioso. Mas ele tinha dito isto para mim. As próprias palavras de Deus estavam em minha cabeça. Elas estavam lá em minha cabeça da mesma maneira que as palavras que estou escrevendo neste momento estão na minha cabeça. Elas foram ouvidas tão claramente quanto se neste momento eu recordasse que minha esposa havia dito, “Desça para jantar assim que estiver pronto.” Eu sei que aquelas palavras são palavras da minha esposa, e eu sei que estas são palavras de Deus.
“O Deus Todo-Poderoso tinha descido e estava me dando a quietude, a abertura e a disposição de ouvir a Sua voz.”
Pense nisso. Maravilhe-se com isso. Trema diante disso. O Deus cujos olhos vigiam as nações, como algumas pessoas vigiam o gado ou os mercados de ações ou locais de construção – esse Deus ainda fala no século XXI. Eu ouvi as próprias palavras Dele. Ele falou pessoalmente comigo.
Que efeito isso teve sobre mim? Encheu-me de um senso renovado da realidade de Deus. Assegurou-me mais profundamente de que Ele age na história e no nosso tempo. Fortaleceu minha fé de que Ele é por mim e cuida de mim e usará o Seu poder universal para tomar conta e mim. Por que mais Ele viria e me contaria essas coisas?
Aumentou meu amor pela Bíblia como a verdadeira palavra de Deus, porque foi pela Bíblia que eu ouvi essas palavras divinas, e através da Bíblia eu tenho experiências como estas quase diariamente. O próprio Deus do universo fala em palavras. Deus mesmo multiplicou as Suas obras e Seus pensamentos maravilhosos para nós; ninguém pode se comparar a Ele! Eu quisera anunciá-los e deles falar, mas são mais o que se pode contar. (Salmo 40:5).
E, melhor de tudo, eles estão disponíveis a todos. Se você quiser ouvir as mesmas palavras que eu ouvi no sofá no norte de Minnesota, leia o Salmo 66:5-7. Foi ali que eu as ouvi. Quão preciosa é a Bíblia. É a própria palavra de Deus. Nela Deus fala em pleno século XXI. Ela é a própria voz de Deus. Por esta voz, Ele fala com verdade absoluta e força pessoal. Por esta voz, Ele revela a Sua transcendente beleza. Por esta voz, Ele revela os segredos mais profundos de nossos corações. Nenhuma voz pode em qualquer lugar e a qualquer tempo ir tão fundo ou erguer-se tão alto ou levar tão longe quanto a voz de Deus que nós ouvimos na Bíblia.
É uma grande maravilha que Deus ainda fale hoje através da Bíblia com maior força, maior glória, maior certeza, maior doçura, maior esperança, maior orientação, maior poder transformador e maior verdade cristocêntrica do que pode ser ouvida de qualquer voz em qualquer alma humana no planeta fora da Bíblia.
É por isso que fiquei triste com o artigo “My conversation with God” na Christianity Today deste mês. Escrito por um professor anônimo de uma “conhecida Universidade Cristã”, conta a sua experiência de ouvir Deus. O que Deus disse era que ele deveria dar todos os royalties de um novo livro para pagar os estudos de um estudante necessitado. O que me deixa triste sobre o artigo não é que não é verdade ou que não aconteceu. O que me entristece é que realmente dá a impressão de que a comunicação extra-bíblica com Deus é infinitamente maravilhosa e fortalecedora da fé. O tempo todo, a supremamente gloriosa comunicação do Deus vivo, que pessoalmente e poderosamente e transformadoramente explode todos os dias no coração receptivo através da Bíblia é ignorada em absoluto silêncio.
Tenho certeza que esse professor de teologia não quis dizer isso deste modo, mas o que ele disse de fato foi: “Durante anos ensinei que Deus ainda fala hoje, mas não pude testemunhar isso pessoalmente. Eu só posso fazer isso agora de forma anônima, por razões que eu espero fiquem claras”. Certamente ele não quer dizer o que ele parece inferir – que somente quando a pessoa ouve uma voz extra-bíblica como, “O dinheiro não é seu”, você pode testemunhar pessoalmente que Deus ainda fala. Seguramente ele não pretende depreciar a voz de Deus na Bíblia que fala neste mesmo dia com poder, verdade, sabedoria, glória, alegria, esperança, maravilha e utilidade, dez mil vezes mais decisivamente que qualquer coisa que possamos ouvir fora da Bíblia.
Eu me aflijo com o que está sendo comunicado aqui. A grande necessidade de nosso tempo é que as pessoas experimentem a realidade viva de Deus ouvindo a Sua Palavra pessoalmente e de forma transformadora nas Escrituras. Algo está inacreditavelmente errado quando as palavras que nós ouvimos fora da Bíblia são mais poderosas e mais influentes para nós do que a Palavra inspirada de Deus. Clamemos com o salmista: “Inclina-me o coração aos teus testemunhos (Salmo 119:36)”. Que sejam iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança ns santos e conheçais o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus (Efésios 1:18; 3:19). Ó Deus, não nos deixes sermos surdos à Tua Palavra e tão indiferentes à Sua inefável excelência evidencial, a ponto de celebrarmos coisas menores como mais emocionantes, e até mesmo considerarmos esse maravilhar-se completamente fora de lugar merecedor de ser impresso em uma revista de circulação nacional.

Ainda ouvindo a Sua voz na Bíblia,

Pastor John

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Existência frívola


"Importante é não se importar com coisas importantes,
afinal de contas a vida é curta
pra ficarmos nos importando com coisas que ocupam um espaço enorme em nossas mentes
e não nos deixam apreciar a nossa existência frívola."

Pobreza e Fome no Mundo


EM CADA 3,5 SEGUNDOS MORRE UM SER HUMANO À FOME



Pobreza
As profundas desigualdades na distribuição da riqueza no mundo atingiram actualmente proporções verdadeiramente chocantes.
O número de pobres não pára de crescer e já chega a 307 milhões de pessoas no mundo. Relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) recentemente publicado mostra que nos últimos 30 anos o número de pessoas que vivem com menos de US$ 1,00 duplicou nos países menos desenvolvidos.
Para a agência da ONU, o dado mais preocupante é a tendência de que esse número aumente até 2015, quando os países menos desenvolvidos poderão passar a ter 420 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza.
Em algumas regiões, principalmente na África, parte da população já tem um consumo diário de apenas 57 centavos de dólares, enquanto um cidadão suíço gasta por dia US$ 61,9. Nos anos 70 cerca de 56% da população africana vivia com menos de US$ 1,00, hoje este valor é de 65%.A pobreza está a aumentar, em vez de diminuir.
(Junho de 2002)
As ajudas dos países mais ricos aos mais pobres são uma gota de água no Oceano, cifrando-se 0,22 por cento do seu PIB. O mais grave é todavia os subsídios que atribuem às suas empresas para exportarem e barreiras comerciais que levam aos produtos oriundos dos países mais pobres. O desequilíbrio de meios sufoca completamente as economias mais pobres. (Banco Mundial,Abril de 2003)..

Fome
Calcula-se que 815 milhões, em todo o mundo sejam vítimas crónica ou grave subnutrição, a maior parte das quais são mulheres e crianças dos países em vias de desenvolvimento.
O flagelo da fome atinge 777 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento, 27 milhões nos países em transição (na ex-União Soviética) e 11 milhões nos países desenvolvidos.
A subnutrição crónica, quando não conduz apenas à morte física, mas implica frequentemente uma mutilação grave, nomeadamente a falta de desenvolvimento das células cerebrais nos bebés, e cegueira por falta de vitamina A. Todos os anos, dezenas de milhões de mães gravemente subnutridas dão à luz dezenas de milhões de bebés igualmente ameaçados. (Junho de 2002).


África
Devastada por secas e cheias, mas sobretudo por guerras civis (entre 30 e 40 no final do século XX), todo o continente africano parece ter mergulhado no abismo. Terminados os conflitos o terror não termina nas zonas rurais, onde a presença de minas e de munições não explodidas constitui uma ameaça permanente à reconstrução das comunidades rurais.
Etiópia, Eritreia, Somália, Sudão, Quénia, Uganda e Djibuti a fome que há muito mata nestes países milhões de africanos, já deixou de ser notícia na imprensa internacional. Entre as principais causas desta mortandade está a seca, as guerras e a permamente instabilidade política e religiosa na região.
Zambia, cerca de quatro milhões de pessoas (numa população de dez milhões) foi afectada pela seca que destrui, este ano, parte das suas colheitas. A situação está a tornar-se rapidamente catastrófica. (Dados de 2002)
Na África austral, existem presentemente 10 milhões de mulheres, homens e crianças a conhecer formas extremas do flagelo da fome. Malawi, Zimbabwe, Lesotho e a Swazilândia são alguns dos países mais afectados. Malawi, enfrenta seca e a pior fome nos últimos 50 anos. Segundo o governo, 70% da população de 11 milhões passa fome.
Em Moçambique e Angola (apesar de ter terminado a guerra), a situação é reconhecidamente trágica.(Junho de 2002)
As perspectivas de desenvolvimento para este continente são pouco animadoras. Na África sub-sahariana, o número de pobres pode aumentar de 315 milhões em 1999 para 404 milhões em 2015, afectando perto de metade da população da região (Banco Mundial, Abril de 2003).

América Latina
54 milhões de pessoas passam fome na América Latina e Caraíbas, segundo o director-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
Na América do Sul registou-se uma redução do número de pessoas subnutridas, que passou de 42 milhões para 33 milhões, mas na América Central houve um aumento de 17 a 19% e nas Caraíbas de 26 a 28%.
As crises económicas na Argentina e Brasil fizeram regredir vastas regiões, alastrando a fome.
O director-geral da FAO afirma que apesar da importância estratégica da agricultura para combater esta situação, nos últimos 10 anos o crescimento do sector agrícola no continente foi fraco, alcançando apenas 2,7% no ano 2000. Um dos factores que impede o crescimento da mesma, deve-se à concorrência dos países mais desenvolvidos, cuja agricultura é fortemente subsidiada pelos respectivos estados.
211 milhões de latino-americanos e caribenhos vivem abaixo da linha de pobreza, com um aumento de 11 milhões desde 1990. (Junho de 2002).
As perspectivas futuras continuam a ser pouco risonhas para toda a América Latina. Os efeitos da globalização far-se-ão sentir por muito tempo, nomeadamente através de continuas crises económicas. As suas frágeis economias estão hoje à mercê das empresas dos países mais ricos.

Ásia
A situação é particularmente dramática no Afeganistão, onde cinco a dez milhões de pessoas estão ameaçadas de fome, mas também muito grave na Coreia do Norte, Mongólia, Arménia, Geórgia e Tajiquistão, etc.(Dados de 2002).

Médio Oriente
No Médio Oriente as projecções do Banco Mundial são também pouco animadoras para esta região, a situação é dramática na Palestina e no Iraque.O número de pobres irá disparar, estimulando o crescimento de conflitos sociais (Banco Mundial, Abril de 2003).
A intervenção dos EUA no Iraque (Abril de 2003), para além das vítimas que já produziu, agravou ainda mais esta tragédia.

Utopias
Oficialmente as utopias estão mortas, mas a realidade que as alimentou e justificou durante séculos continua bem viva. As desigualdades em todo o mundo, desde o "triunfo" do liberalismo nos anos oitenta, são cada vez maiores. O esbanjamento de recursos nos países mais ricos está a conduzir a humanidade para a sua própria extinção. Como refere Peter Singer, bastava que nestes países, se deixassem de alimentar os animais domésticos à base de cereais e de soja, e estes alimentos fossem distribuídos pelos necessitados, para se pôr fim à fome no mundo.


Solidariedade
Centenas de milhões de pobres e famintos em todo o mundo apelam à solidariedade de todos aqueles que se afogam no consumismo e no desperdício.

Fonte: http://confrontos.no.sapo.pt/page4.html