quinta-feira, 29 de maio de 2008

Por que desejo a Perseguição?


Recentemente terminei a leitura de um livro que já queria ler havia algum tempo, o título do livro é "A Noite", escrito por Elie Wiesel, um judeu sobrevivente dos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial.
Muito inspirador em suas palavras, relatos e contos sobre o sofrimento que dizimou milhões de seres humanos, em sua maioria judeus, por um tirano com "síndrome de deus".
Elie Wiesel não escreveu um livro histórico. Talvez esse seja o diferencial do livro e o fato de ser uma das maiores, se não a maior literatura de um sobrevivente da segunda guerra, que um sobrevivente escreveu.
Elie, conta como era sua fé antes da guerra, como foi durante e como ficou após a guerra.
O que posso afirmar é o que eu já pensava antes de ler o livro e ficou evidenciado depois de lê-lo: que uma forte e marcante tragédia muda por completo até mesmo a natureza das coisas e assim a vida do Homem, ou de um indivíduo.
A seguir, um dos trechos que mais me marcaram e me emocionaram durante a leitura:

"Nunca me esquecerei daquela noite, a primeira noite de campo, que fez de minha vida uma longa e sete vezes aferrolhada. Nunca me esquecerei daquela fumaça.
Nunca me esquecerei dos rostos das crianças cujos corpos eu vi se transformarem em volutas sob um céu azul e mudo.
Nunca me esquecerei daquelas chamas que consumiram minha fé para sempre. Nunca me esquecerei daquele silêncio noturno que me privou por toda a eternidade do desejo de viver.
Nunca me esquecerei daqueles momentos que assassinaram meu Deus, minha alma e meus sonhos, que se tornaram deserto.
Nunca me esquecerei daquilo, mesmo que eu seja condenado a viver tanto tempo quanto o próprio Deus. Nunca."


Podem dizer que sou sádico, louco, maluco, que estou fora da realidade de meu tempo, mas digo com toda a sinceridade que existe: Eu desejo tal sofrimento para nós cristãos! Desejo, sim... Uma perseguição tal qual que faça com que os cristãos sejam provados em sua fé e a Igreja volte aos primórdios que a fez mais que um movimento, que a tornou a coisa mais temida que os poderosos do mundo podiam temer, que os maiores tiranos não conseguiram derrubar e enlouqueciam por não conseguir destruir esse "pesadelo" que se tornou a Igreja de Cristo para eles!
Nem o maior império da época, que derrotou exércitos de homens poderosos e bem preparados, capacitados, fortes, treinados combater os melhores soldados do mundo!
Nem mesmo esse império conseguiu destruir um povo que não usava armas, não revidou aos golpes que sofreram, as torturas, ao esquartejamento, as fogueiras que queimaram a carne de seus corpos ainda com vida, ou aos linchamentos, enforcamentos, suas peles arrancadas como se arrancam a dos animais, aos apedrejamentos, a todo tipo de tortura que alguém pudesse sofrer (se é que haja quem mereça qualquer tipo de tortura).
Talvez você que lê esse texto agora, nem ao menos sabia que cristãos que creram e cultuaram o mesmo Deus que você, sofreram em seus corpos a dor e levaram a marca desse sofrimento pela eternidade.
Olhe o contraste do que é tudo hoje, apesar de ainda existirem lugares onde cristãos são perseguidos e até mortos por pregarem o evangelho, ainda sim a diferença é notória.
Nos gloriamos daquilo que recebemos por um merecimento de termos sido fieis ao dízimo, ou porque fizemos a campanha "tal" até o fim, porque colocamos Deus a prova e o intimidamos, negociamos com o Criador e Senhor de tudo, em troca de migalhas e tesouros que ficarão por aqui depois que partirmos desse mundo.
Me diga o que esses cristãos que sofreram, o que eles fizeram por merecer esse sofrimento? Por que eles também não puderam ser agracidados com a prosperidade, templos luxuosos, carrões, dinheiro, dinheiro, dinheiro...
Por que deseja a perseguição? -talvez você se pergunte-
Porque em toda a história, é fato que sempre que a Igreja foi perseguida, sempre, ela estava mais forte, mais perto de Deus, os sinais eram maiores, mais ela tinha a face de Jesus. Não haviam os filhos "mais amados" que recebiam recompensas maiores que os outros, todos eram iguais e viviam uns em função dos outros.
E todas as vezes que ela não sofreu nenhum tipo de perseguição, ela se voltou para dentro de seus interesses pessoais e se afastou de Cristo.
A guerra marcou o tempo para os judeus, mesmo que essa marca os faça lembrar da dor de um sofrimento, mas mudou o conceito de fé que eles tinham e os ajudou a ver Deus de uma forma mais clara, a conhecer Deus com os olhos sofridos de um velho Jó que perdeu tudo o que tinha e sofrou até a alma e no final de todas as coisas pode contemplar com os olhos o Deus que ele cultuava.
Quando a Igreja parar de olhar seus próprios interesses e olhar de volta para a Cruz, aí talvez ela comece a se identificar com aquele que foi posto nela.


quarta-feira, 28 de maio de 2008

O Rei


Terminei de ler hoje, o primeiro livro da série "As Crônicas de Nárnia" do autor irlandês C. S. Lewis.
O livro, cujo título é "O sobrinho do mago", conta a história de como Aslan, o leão e único personagem que aparece na seqüencia de todos os outros livros, cria o mundo encantado de Nárnia. Também conta as aventuras de Digory Kirke e Polly Plummer que fazem a viagem para essa terra e testemunham a criação de Nárnia.
Bem, não quero me apegar a detalhes do livro, que por sinal é ótimo e me convidou a ler toda a série que contém 7 livros ao todo.
Há uma grande temática cristã incorporada aos livros que contam a saga de Nárnia. E é sobre ela que quero registrar uma coisa que muito me chamou a atenção e me fez pensar, sem muita demora, vou mostrar um trecho em que Aslan convida à Franco (cocheiro), para se tornar o Primeiro Rei de Nárnia, veja o que Aslan diz:

"Pode governar estas criaturas com espírito de bondade e justiça, lembrando-se de que não são escravas, como os bichos mudos do mundo em que nasceram, mas animais falantes e súditos livres?
E ensinará seus filhos e netos a procederem do mesmo modo?

E não escolherão privileiados, nem entre os seus próprios filhos, nem entre as outras criaturas, nem deixarão que uns oprimam os outros?
E se inimigos vierem combater a terra (pois eles virão), será você o primeiro a atacar e o último a bater em retirada?
Se o fizer, terá feito o que um rei deve fazer."

Não sei bem qual a intenção de C. S. Lewis nessa parte do texto. Não sei o que ele queria expressar aí, mas sei bem qual temática cristã tirar desse trecho.
O contexto é o seguinte:
-Franco era um homem do campo, que veio para Londres tentar ganhar a vida e trabalhava como cocheiro, era simples, humilde e um bom homem, sem nenhuma má intenção, é até engraçado em certos trechos onde ele canta louvores ao Senhor e apazigua situações, enfim... Franco era um homem bom, pobre, e não tinha nenhum perfil de rei. E não sei quais, mas Aslan, o criador do mundo de Nárnia, viu qualidades nele que foram capazes de o tornar rei.

Identifico esse ponto com a nossa escolha para o evangelho, para o Reino de Deus. Em como Deus, o criador de todas as coisas, nos escolhe para o seu Reino e nos convida a zelar por ele nos dando a tarefa de amar uns aos outros.
As palavras de Deus para nós não são tão diferentes quanto as palavras de Aslan para Franco.

Se tenho certeza de alguma coisa, estou certo disso, que nenhum homem chamado por Deus, recebeu dele qualquer poder de governar sobre outro homem como quem governa a um escravo.
Estou certo que Deus não intitulou ninguém em sua Igreja como governador de homens, como aquele que ditaria as regras a serem seguidas, como o líder, o cabeça, o governador, o homem do poder, etc.

Acredito, assim como Leon Tolstoi, Ghandi, Martin Luther King, que a melhor sociedade é aquela que se baseia na compaixão.
Esse é o princípio que deu certo na Igreja Primitiva, quando os membros dela viviam em função uns dos outros. Quando todos tinham tudo em comum, eram todos um só coração e uma só mente.

Assim como o Rei de Nárnia foi chamado a servir em função dos habitantes de Nárnia, nós fomos chamados a servir em função dos que habitam no Reino de Deus.
Bem mais poderia dizer, porém, deixo as palavras de Aslan ressoar no coração de vocês.

domingo, 11 de maio de 2008

Dons Ministeriais

Efésios 4:8 Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens.Efésios 4:9 Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até às regiões inferiores da terra?Efésios 4:10 Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas.Efésios 4:11 E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres...

DOM= presente, dádiva, talento, aquilo que foi ou é dado.

Essa passagem de Efésios 4 fala sobre a unidade do Corpo de Cristo, e aí está falando sobre os dons ministeriais que Jesus DEU para a Igreja.Existem 5 ministérios eclesiásticos, apenas 5, nada mais e nada menos.Todos nós, membros do Corpo de Cristo temos vocação para 1 dos desses dons, com exceção do Ministério Apostólico, pq?1- Todo Apóstolo foi chamado diretamente por Cristo, não hove alguém que chamasse em nome de Cristo, mas o próprio Cristo foi e chamou aquele que ele escolheu como Apóstolo, a evidência bíblica disso é a palavra usada no texto original: "proskaleo" que é derivado do verbo "kaleo", que tem significado de "chamar", porém proskaleo se refere a chamada direta.2- O ministério apostólico estabeleceu fundamentos para a Igreja (ICor 3:10 e Ef 2:20)3- Na cidade santa haverão apenas 12 fundamentos e sobre eles os nomes dos 12 apóstolos (Ap 21:14)Se alguém quer receber o título de apóstolo nos dias atuais, tem que provar que o próprio Jesus desceu na terra e o chamou; estabelecer fundamentos para a Igreja, lembrando que a bíblia foi finalizada no Apocalípse, logo não há novos fundamentos a não ser os que já existem; e tbm provar como terá seus nomes nos fundamentos da cidade santa já que os que lá estarão são os nomes dos 12 apóstolos bíblicos.Voltando a falar dos dons ministeriais...Eles nos foram dados com uma finalidade:Efésios 4:12 com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu SERVIR, para a edificação do corpo de Cristo.
É para SERVIR e edificar o Corpo de Cristo.Qualquer outro que diga ter um ministério, mas que está fora desse padrão bíblico, NÃO TEM UM MINISTÉRIO ECLESIÁSTICO.Qualquer um que venha com discurso de formação de LÍDERES, desconhece que o texto fala em SERVIR e não liderar.Dons são presentes, há dons e mais dons, Paulo mesmo disse que são vários (ICor 12:4), cada um com sua finalidade, não vou entrar em detalhes sobre eles, nem sobre os tipos de dons, ficarei nos ministeriais, esses 5 citados em Efésios 4.
Os dons de Deus não são negociáveis, não tem como objetivo gerar fundos, mesmo que seja por uma boa causa, não são usados com fins lucrativos, mas como já foi dito, para a edificação da Igreja e serviço prestado aos membros dela.

Atos 8:18-23 Vendo, porém, Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito [Santo], ofereceu-lhes dinheiro, propondo: Concedei-me também a mim este poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo.Pedro, porém, lhe respondeu: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus.
Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja perdoado o intento do coração; pois vejo que estás em fel de amargura e laço de iniqüidade.

Simão certamente queria adquirir o dom de Deus para usar em suas apresentações de feitiçaria e assim administrar o reconhecimento e merecimento que tinha do povo.

Mateus 10:8 Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai.

Nessa passagem vemos Jesus enviando seus 12 para o exercício ministerial ao qual eles foram vocacionados. Jesus diz claramente para DAREM o mesmo que receberam.O ministério de Deus é concedido gratuitamente, Deus não te cobrou nada e nem vai te cobrar, pois ele te deu, e ninguém recebeu por merecimento, mas por misericórdia.