Neste Natal o que pude pensar foi em supostas certezas. Ao menos assim caminhava José que logo se casaria com uma jovem israelita de nome Maria. Ele tinha planos seus, projetos, sonhos, de futuro marido e chefe de uma família; planos para sua vida profissional e sustento de seu lar. Talvez uma viagem em tempos festivos para levar a esposa e as crianças para ver os avós ou irem ao litoral. Ela, Maria, sendo mui nova, com certeza almejava muitas coisas em sua vida, ainda que o papel feminino naquela época como mulher casada não fosse dos mais empolgantes, porém, como todo jovem espírito, ela deveria ter sonhos que lhe empolgavam.
Planos,
projetos, sonhos, tudo isso é parte de cada um de nós que de alguma maneira
tende a pensar além do aqui e agora. Não existe erro em sermos assim, mas vez
ou outra somos postos diante de uma realidade que não condiz com o que
almejávamos. Sonhos desmoronados, projetos estilhaçados, certezas desfeitas.
Assim aconteceu com o casal de Nazaré. José, homem justo (Mateus 1:20) recebe a
notícia de que sua futura esposa estaria grávida... imagino a reação de José ao
saber dessa notícia. Surpresa? Aflição? Raiva? Tristeza profunda? Tanta coisa
deve ter passado pela cabeça dele, mas ainda assim achou-se virtude nele para
não expor Maria. E ela, grávida miraculosamente ainda sem muito entendimento do
que lhe acontecera. Ambos perdidos, cada um a seu modo. Os sonhos já não mais
poderiam ser como eles esperavam; projetos e perspectivas ganharam tons cinzas de
um mundo que não poderia ser projetado como eles imaginavam. O que isso nos diz?
Não temos pleno controle de nosso futuro e nem das coisas que nos rodeiam. As
incertezas da vida são mais certas do que as meras certezas que palpitam em
nossos corações. Entretanto, Deus não desampararia seus filhos confusos, pelo
contrário, enviou de si um mensageiro para explicar, confortar e animar o casal
desnorteado (Mateus 1:20-23). Deus trouxe a mensagem de boas novas em meio
aquele turbilhão de medo que a incerteza tende a nos afogar.
Neste Natal
quero refletir convosco sobre a vida de incertezas que vivemos, mas não como
enfoque de que incertos viveremos, ao contrário, quero dizer sobre a própria essência
natalina: nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor (Lucas 2:11). Nasceu e nos
envolveu na certeza de que nunca mais estaríamos só neste mundo. Nascido, fez
nascer em nós a comunhão com aquele que imutável é, permanecendo conosco mesmo
quando o mundo ao nosso redor desaba. Nascendo, trouxe consigo a paz que
sobressai o medo porque é o Amor feito carne, e o amor afugenta o medo (1 João
4:18). Nele, saltamos no escuro que é viver o amanhã, confiantes de que estamos
seguros.