sábado, 26 de outubro de 2013

OS DOMINGOS PRECISAM DE FERIADOS

(Rabino Nilton Bonder)

Toda sexta-feira à noite começa o Shabat para a tradição judaica.
Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino no sétimo dia da Criação.

Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo.

A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.

Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.

Hoje, o tempo de "pausa" é preenchido por diversão e alienação.
Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações para não nos ocuparmos. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão. O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições.

Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo...

Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim.
Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde com o presente.

As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o domingo de um feriado...

Nossos namorados querem "ficar", trocando o "ser" pelo "estar".

Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI - um dia seremos nossos?

Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante.

Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos...

Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida.

A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é: o que vamos fazer hoje? Já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de domingo.

Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande "radical livre" que envelhece nossa alegria - o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.

Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar.

Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

E disse Deus

-Haja luz!
E Deus criou o sol.

-Haja amor!
E Deus criou você.

Quando a imagem fala


domingo, 13 de outubro de 2013

Pinóquio e o conceito de mentira

As histórias infantis de forma geral tendem a trazer algum tipo de ensinamento, e dentre as histórias que me chamam a atenção, é do boneco Pinóquio. Basicamente a história de um boneco de madeira que quer virar um menino de verdade, e para isso precisará ser verdadeiro e bom. A cada vez que Pinóquio mente, o nariz dele cresce como parte de uma punição por suas mentiras.

Deixando o resumo de lado, o que podemos retirar desse história? Acredito que temos algo muito peculiar, pensei - mentir traz algo que é visível, mas o traz de forma alterada, no caso de Pinóquio, o nariz que cresce. A mentira ela é tão danosa as pessoas, que ela altera a realidade, deforma-a, transtorna-a. Torna as coisas ao seu redor diferente daquilo que deveria ser, e afasta-nos dos benefícios de tornamo-nos completos. Assim como Pinóquio que vira um menino de verdade, ao se distanciar da mentira, talvez devêssemos pensar em nossas vidas com Deus de forma semelhante. Por isso Deus ama a verdade, por isso Jesus se identifica como sendo a Verdade, como aquele que demonstrar fidedignamente a face de Deus, onde não há mentira. Quanto mais nos aproximamos da Verdade, quanto mais somos verdadeiros, mais próximos de Deus estaremos, mais próximos de assemelharmos com Jesus chegaremos.

“Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.” II Coríntios 13:8