domingo, 17 de abril de 2011

A cidade de uma rua só


Um estrangeiro vagava sem rumo certo por uma estrada.
Passados alguns dias ele sentiu fome, sede e cansaço e resolveu repousar.
Chegando na cidade mais próxima, percebeu que lá só tinha uma rua e nesta rua havia uma variedade muito grande de comércio.
Curiosamente, o único comércio que havia na região era alimentício.
Restaurantes; bares; padarias; lanchonetes... Todo tipo de alimento possível.
Os comerciantes, ao perceberem a chegada do visitante, logo lhe fizeram ofertas:
-Venha, meu jovem, percebo pela sua expressão que estais cansado e faminto. Entre na minha taberna e sirva-se com a melhor carne de porco do mundo, beba um pouco e descanse pra prosseguir viagem!
Ele resolveu entrar ali mesmo. A fome era tanta que não dava pra pensar no que comer, ele só pensava em comer.
O jovem estrangeiro comeu, mas não se sentiu saciado e resolveu procurar outro lugar.
Mal saira da taberna e outro homem já lhe abordou:
-Meu jovem, não caia na conversa fiada desse sujeito, a carne dele não é saudável. No meu restaurante você vai se saciar como nunca!
O jovem aceitou o convite e entrou ali mesmo.
Minutos mais tarde, o homem apareceu com uma bandeja nas mãos. Era filé com fritas.
O estrangeiro comeu e novamente não se sentiu saciado.
Saindo dali, e ainda com fome e cansado, resolveu passar por outro estabelecimento.
Dessa vez, uma mulher o abordou:
-Jovem, homens não sabem cozinhar e não sabem do que o estômago gosta. Vou te servir com o melhor macarrão que você já experimentou e certamente você ficará satisfeito!
Ele comeu ali também.
Em todo lugar que ele passasse naquela cidade de uma rua só e com tanta variedade de alimentos, seu problema persistia, ele continuava com fome e cansado e agora já estava farto de procurar um lugar e a indigestão já começava a incomodar.
O jovem estrangeiro experimentou de tudo quanto havia ali naquele lugar e nada o satisfazia.
Ele começou a pensar que o problema era com ele.
As ofertas continuavam.
Por mais que ele percorresse aquele caminho (pois era o único pra atravessar e prosseguir viagem) ele era abordado por um novo comerciante que o oferecia um novo banquete.
Ele já estava farto de tudo aquilo.
Quase no fim da estrada, o jovem viu um velho sentado num banquinho e ele achou estranho o velho não ter lhe abordado e feito alguma oferta.
O jovem estrangeiro, aproximou-se o velho e perguntou:
-Por acaso o senhor não conhece algum lugar onde eu possa comer e descansar um pouco? Passei por praticamente todos os estabelecimentos dessa cidade e nenhum conseguiu saciar minha fome, sede e cansaço. Estou mais exausto agora do que quando cheguei aqui!
O velho, sem dizer uma palavra, puxou um banquinho e fez um gesto para o moço sentar. Ele sentou e o velho puxou de dentro de um cestinho que estava ao lado da mesa dois pães, também pegou duas taças e encheu de vinho, deu ao jovem viajante.
Ele comeu, bebeu e se sentiu bem melhor depois.
-Nossa, eu comi de tudo nesta cidade e me sinto melhor com apenas um pedaço de pão e uma taça de vinho.
O velho respondeu:
-Agora venha, entre na minha estalagem tome um banho e descanse um pouco enquanto eu preparo pra você um banquete melhor! Fique o quanto quiser, você é bem vindo aqui.

2 comentários:

Wallyson Souza disse...

Bom texto, essa é a idéia, servir Deus no outro, compartilhar aquilo que nos podemos com nosso próximo!

[Nem's] Neemias Santana disse...

Texto muito bacana. Simplicidade, beleza e Verdade.